Uma Ligação


Quero beber da sua fonte e me afogar no sal do seu suor. Testar sua impotência, sua paciência, sentir cada centímetro derreter. Lhe fazer fechar os olhos, abrir os poros, e sentir o gosto do calor. Medir forças sem esforço, pelo prazer de ser o que quiser. Sem pudores ou rumores quero lhe morder o pescoço, e brincar com seu umbigo, lhe olhar com cara de vadia e me render aos seus caprichos. Quero te apertar num abraço de desejo, esquecer que já tive medo, e lhe tirar o ar. Quero ainda que me segure os cabelos e entenda o desespero de me faltar dia, hora e lugar.

Surto 114

O mundo dita nossos caminhos opostos, e mil vozes me aconselham a seguir o meu. Mas eu teimo, é mais forte que eu. Seu cheiro me entontece, seu toque me nina para um sonho em cores. Por isso ponho a mesa, visto a roupa de domingo e te espero sorrindo, mesmo sabendo que você não vem.

Alva Madrugada

Teus raios irradiam por entre prédios e nuvens, num olhar penetrando e fosco.
Te fito eternamento buscando fases em alto relevo, que me faça conhecer o infinito de um universo solitário e frio. O breu emoldura seus traços românticos e pouco delicados. Tão distante, fora de alcance em linha direta eu e você.
Que poder é esse que tens sobre mim? Quando te vejo brilhante, meu mundo errante segue um caminho sóbrio.
A brisa me assopra o rosto e no tempo da estrela cadente adormeço bêbada da beleza bruta.
Conto os dias para te ver novamente.

Surto 452

Quando tudo parece bem, uma palavra faz o mundo desaguar
Ao final da sílaba grnades alegrias se tornam as maiores frustrações
A garganta seca, e o nó não deixa responder
Sonhos desfeitos em menos de um segundo
Me desligo, e o mundo se cala
Desaba

Tudo muda em um instante, e a dor de ouvir a voz me corrói
Não posso mais me acomodar nessa postura
A ferida já estava aberta, e agora voltou a sangrar

O Show Deve Continuar...

Uma eterna microfonia me atormenta os ouvidos nus
Quando o rufar no chimbal aberto imita um sininho a tilintar
As guitarras distorcidas completam a sinfonia desencontrada
E um sorriso sob sombras e refletores a descompassar

Nossos acordes não podem ser transcritos em partitura
O clássico se mistura ao pop, ao som de X sustenido menor
Uma balada disritmada pelo mixar de vinis quebrados
E uma voz que desentoa trêmula, sentindo a força do dó maior

Mas que mal há desafinar se a harmonia pede?
Se entre compassos marcados, encontro meu espaço em suas mãos?
Que mal há passear entre berros e falsetes
Se ao fechar dos olhos e tocar dos corpos silenciam-se os sons?

Nesse show de arranjos e melodias mal construídas
Sigo acomodada cantarolando estas notas desafinadas
Ensaio um sorriso e enceno frente ao público
Que te vê desperdiçar carinhos em um outro alguém

Perco a fala, perco o fôlego, ao não alcançar meu sol
E ao perder o tempo faço murchar a colcheia no intervalo cru
Sigo o som, e sinto a música nessa escala sem sentido
A emoção é demais, e a afinação fica para segundo plano
...assim como a dona da voz

Mixed Feelings

I don't care if you disaprove my manners
I don't understand why you wanna pose
I don't know how I once thought we could be
but the truth is that I could never really know.

Now we don't even speak to each other
Now I changed and we don't fit anymore
Now I feel that you don't accept the way I am
we can't go back to what it was before

So
I will go on with my life
Leaving all this fucked up shit behind.



texto de 17 de agosto de 2005

Roleta Russa

Porquê é tão difícil aceitar que querer não é poder, e que as horas que passam não voltam?
Fico invisível e passo a olhar tudo aquilo que nunca me pertenceu... ainda
O doce gosto de quase ter é o que faz embreagar e o cheiro forte da proximidade irrita
Ver e não pegar, desejar e não consumar, sentir o perfume de uma distância segura
A esperança persiste e forte, resiste, quando a tentação teima em chegar perto demais
A corda bamba, o tempo, a luxúria e o desejo de se entregar... Não!
Resisto e ao mesmo tempo me visto de vermelho pra te provocar nesse jogo de vai e não vem
As regras são quebradas, e as barreiras me fazem saborear o gosto semi-saudável da vitória
Enfim...

Auto-Terapia Intensiva

Assim que ponho a cabeça no travesseiro um turbilhão de idéias vem me atormentar. As pessoas que conheci me assombram, os erros que cometi vêm puxar meu pé. Como ondas gigantes chegam ao consciente tudo aquilo que me transformou, e hoje me engole.
Preciso levantar!
Sentada na varanda de olhar fixo no chão dois andares abaixo, mirando os passos cansados do vigia da rua de um lado a outro, o desespero me toma por completo. Não consigo pausar meus pensamentos aleatórios: os amigos que trai; os amores que perdi por não saber me comprometer; as mentiras que contei, e as vezes que atuei por prazer; nas dívidas, nos filhos, no amanhã, que chega e teima em não chegar.
Abro a porta, saio no breu, adentro a noite sem rumo, sem ter onde parar, sem dinheiro no bolso sequer pra pegar o ônibus de volta se me cansar. Não consigo pensar nessas miudezas. Parece que alguém me sufoca, como se me imprensasse contra a parede e me tirasse o ar. A cidade dorme, e no entrar e sair de ruas de paralelepípedo me perco em vãos pensamentos, que me enlouquecem cada vez mais. Entro num universo paralelo íntimo, onde ninguém pode me encontrar, ninguém pode me salvar.
Minha cabeça pesa, dói, parece ter vida própria, luto contra esse outro alguém, esse meu "eu" hóspede, é como se me controlasse por completo.
AAAAAAHHHH!
Começo a correr, descalça e sem agasalho... uma corrida zumbi, sem sentido. De olhos vendados e mãos atadas corro contra e de encontro a mim. O sangue pulsa em minhas veias num ritmar descontínuo.
Não aguento mais.
Caio no chão e choro feito criança.
Em meio ás lágrimas o nó na garganta só se desfaz com um grito, um berro de liberdade ao pé da letra, imponente, como berro de dor de uma besta. As amarras se soltam, levo as mãos ao rosto, recuperando a noção, o fôlego.
Numa praça qualquer sento ao lado do escorregador e sinto vontade de viver mais um dia.

Porto Santo

Meu amor de infância sonhos de criança tão distantes assim
Meu quinhão de liberdade será que foi verdade tudo aquilo que um dia vivi?
Onde era felicidade hoje reina o silêncio. Quando foi que te perdi?
Não restou nem amizade destes tempos inocentes, bondade, sal e sol
Te vejo tão calado, nossa história ficou é passado, e eu canto amor maior
Sou feliz e sigo em frente, te levando sempre em mente, o som a areia e o pó

Foi em frente ao mar, ao som do violão
O carteado, a bicicleta, a rede e o pé no chão
Milhões de gargalhadas, a bagunça organizada
O cais, o sentimento e coração.

Ainda te amo mais que tudo, e você que foi meu mundo, vou lembrar a cada luar. Coisas que não mudarão jamais.

Ato-Fato Magistral

As palavras fogem quando tento explicar como a ingenuiidade me irrita. A inocência verde não deixa compreender o funciona mento da máquina; aquilo que faz começar; O combustível é o sorriso fingidoe esconde dentes de piranha, que morde e arranca a pele branca e rosada do crente. Não vou tratar do mérito, é assim que se faz, assim que tradicionalmente acontece, por anos a fio. Por meios turvos, por debaixo do pano, por caminhos conhecidos de poucos, pela esperteza dossorrisos; enquanto às claras, nada se tem, senão a utopia do dever-ser.

Tiny Brick Road

De um lado flores vermelhas, e do outro névoa e inverno
E por essa passarela estreita caminha sem rumo.
Não há entradas para a direita, nem retorno para a esquerda,
Então segue em frente...
Sem cheirar as flores ou sentir frio.

Welcome to my Blogger


Nova fase, felicidade.
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Descobrindo novos interesses, pessoas, descobrindo o que é, de fato, ter objetivos, por mais estranhos, surreais e contraditórios que possam parecer.
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Paulenha versão 2.0. Um upgrade bem sucedido.
Good enough, but getting even better by the day...
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Elipê é mais que uma banda. Família, amizade, qualidade de vida. Obrigado por tudo.

Noite Mar

O vento te traz e como onda se porta, pois vai e volta como convém
E nesse mar revolto ilumino sua compaixão, ou não
Como lua nova não me vês, me esqueces por não conhecer
Mas na lua cheia me mostro viva, e em teu leito apareço radiante
Nesses encontros e desencontros de fases e ondas somos um, e o escurecer da noite encanta, enquanto o alvorescer me deixa na boca um gosto de quero mais.

Surto XXIII

Não consigo explicar o que acontece comigo mas busco abrigo nos teus braços, e nos abraços te desejo. Vejo filmes e fotos com outro propósito, e a lembrança do teu cheiro me faz viajar, sonhar com os pecados mais profanos, e insanos somos quando estamos juntos, a fundo.
Te quero com a certeza que te tenho, mesmo que por um momento, de tempos em tempos, num vulcão de sensações; de pele, beijos, carinho e tesão; explosão. Nada é por acaso mas é como se fosse, um acaso premeditado, de segundas e terceiras intenções.
Então chega mais perto, hoje é o dia certo pra te trazer para o meu mundo e te fazer entender o quão bem me faz ver o teu prazer. Encenando um descaso, aproveito todo e qualquer segundo, pois noutro dia, o que não convém pensar agora, te terei outra vez... cedo ou tarde.

Surto 328

Me lava da cabeça aos pés, me despe de preconceitos. Me faz conhecer um mundo novo de curvas e perfume doce. Me salva do que é costumeiro, me tira da comodidade. Me ensina a ouvir o timbre da voz aguda e estranha.

Quero me livrar das amarras abstratas, e provar das algemas de seda
Andar de salto alto sobre os obstáculos, e pôr os pratos limpos sobre a mesa.

Vamos brincar de morango e chocolate, vamos encarar o pôr-do-sol. Vamos esquecer do que nos espera, dos olhares em nossa direção. Vamos andar de mãos dadas pela praia, vamos nos entregar por inteiro. Vamos perder o fôlego aao desabotoar o espartilho apertado.

O encontrar de um olhar e dois lábios na escuridão, o que pesa é a vontade.
Me faz entender que é bom, me faz te querer como és.

Meu Prazer

Sou aquilo que você deseja, a princesa e a plebéia entre risos soltos
Naturais e sorrateiros meus olhares vão além, e sem perceber, é meu só.
Nos lábios um sorriso ao receber as rosas em botão
E me emociono ao ler o bilhete apaixonado, uma dama antiga no baile de máscaras
De teatro, em que se confundem o certo e o errado
Meu espírito volúvel me faz camuflar e o vestido branco te entorpece
Pela beleza e espontaneidade calculada, que hipnotiza até o anoitecer
Dai então nos encontramos a sós
Você e a imagem ideal daquilo que não sou, me mostro nua revelando a perfeição maldita
Com o espanto do teu olhar, sorrio, me visto, me vou.

Lágrima

Uma gota que limpa a alma das impurezas do pensamento
Alegria ou tristeza, uma vida sem água perde o sentimento
Lhe falta emoção e sentido
Que falta me faz um chorar.

Sexta Feira de Cinzas

Perdi a noção do tempo, e o espaço já não me cabe mais
Perdi o meu chão e o consolo de um amor arrancado de mim
De um extremo a outro percorri o mundo paralelo dos sentimentos
Amor, indiferença, angústia, bem querer
Fogos de artifício apagados num céu de estrelas foscas
Acordei num quarto a meia luz, na ressaca do sentimento
O mesmo quarto de ontem, sem sua presença inocente
O acúmulo de lágrimas já choradas retratam o fim na história que não começou
De um amor maior do mundo, que em não mais de um segundo se foi
Por mais que se queira, ou não queira, não repetirá

Temo pelo que está por vir, mas me jogo do procipício mesmo assim
Em queda livre penso melhor, a adrenalina me atravessa fulgaz
De forma ímpar e uniforme, fazendo trilhar caminhos turvos de emoção
O que passou está cravado, mas me interessa ainda o que vem
Na certeza que me renovo, penso todos os dias em como poderia ter sido
Mas não posso deixar me segurar.

Arco-íris Desbotado

Amarela cheia de vergonha, serena, sem graça e apaixonada
Admitindo o meu amor, troco o bege pela pele rosada
Assim almejo o verde esperança, por acreditar que também me quer
O seu sorriso não lhe deixarei perder
O amor é míope, de olhar acinzentado.
Ingênua menina que ama.
Este romance escrito em preto e vermelho, me beija, me olha, me engana.

Satélite Do Lago Sul

A distância não faz o coração amansar
Ele quer pular do peito ao simples sonar do nome.
A saudade grita e o meu calor clama o corpo teu
Só então descanso em paz, e tão longe agonizo.
Em breve não mais.

Agosto

O acabar de uma vela em cera quente
Tatuando o meu corpo nu
O prazer da submissão pelo seu riso malicioso
Ao me envolver neste amor hostil
Meu sonhar, meu senhor.