Sexta Feira de Cinzas

Perdi a noção do tempo, e o espaço já não me cabe mais
Perdi o meu chão e o consolo de um amor arrancado de mim
De um extremo a outro percorri o mundo paralelo dos sentimentos
Amor, indiferença, angústia, bem querer
Fogos de artifício apagados num céu de estrelas foscas
Acordei num quarto a meia luz, na ressaca do sentimento
O mesmo quarto de ontem, sem sua presença inocente
O acúmulo de lágrimas já choradas retratam o fim na história que não começou
De um amor maior do mundo, que em não mais de um segundo se foi
Por mais que se queira, ou não queira, não repetirá

Temo pelo que está por vir, mas me jogo do procipício mesmo assim
Em queda livre penso melhor, a adrenalina me atravessa fulgaz
De forma ímpar e uniforme, fazendo trilhar caminhos turvos de emoção
O que passou está cravado, mas me interessa ainda o que vem
Na certeza que me renovo, penso todos os dias em como poderia ter sido
Mas não posso deixar me segurar.

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